Aulas de campo promovem educação ambiental e resgate da memória das lagoas de Fortaleza

© Arquivo Escola Telina Barbosa

O Instituto Terre des Hommes Brasil, por meio do Projeto Saúde Ambiental, promoveu duas aulas de campo em alusão à campanha “De Olho nas Lagoas de Fortal”. A iniciativa, originalmente desenvolvida pela Rede Reaver no segundo semestre de 2024, vem sendo replicada nas escolas atendidas pelo projeto em 2025, como forma de ampliar a sensibilização e o engajamento socioambiental de crianças, adolescentes e jovens.

As atividades tiveram como foco o reconhecimento da importância ecológica, sociocultural e histórica das lagoas de Fortaleza, abordando também os principais desafios enfrentados por esses ecossistemas. Entre os objetivos, estavam: compreender os serviços ecossistêmicos das lagoas urbanas; refletir sobre os impactos da ausência de saneamento básico na conservação da água; conhecer as memórias e lutas das comunidades locais em defesa desses territórios; e fortalecer a relação entre cultura e natureza como eixo da educação ambiental crítica. As ações contaram ainda com a participação de jovens da Rede Reaver que já atuam nesses territórios.

No dia 27 de maio, adolescentes das escolas Maria Thomásia participaram da aula de campo que percorreu as lagoas da Maraponga, Parangaba e Itaperoba. Durante a visita à Lagoa da Maraponga, a técnica de TdH Brasil, Brenda Rozendo, contextualizou as problemáticas ambientais vivenciadas nesses ecossistemas e apresentou uma metodologia de observação e diagnóstico participativo para estimular a percepção ambiental dos estudantes. Entre os temas abordados estavam a poluição das águas, o desmatamento da mata ciliar, o assoreamento, a impermeabilização das margens, as enchentes, a obstrução de encanamentos e seus impactos ambientais, sociais e econômicos.

Durante o percurso, também foram distribuídos materiais educativos da campanha “De Olho nas Lagoas de Fortal”, como panfletos e cartazes informativos.

O jovem Pedro Levy, integrante da Rede Reaver, destacou:

“A gente tem que se ligar que o meio ambiente não é só natureza, lagoas, árvores. Meio ambiente é tudo que está à nossa volta. Quando a gente vê uma violência como a que aconteceu aqui na Lagoa da Parangaba, precisamos entender que estão cometendo um crime não só contra a lagoa, mas contra a gente também. É isso que nos leva a nos unificar e agir com consciência.”

Na Lagoa da Parangaba, o Coletivo Sarigueia contribuiu com reflexões sobre a memória e as dinâmicas culturais e socioambientais do território. Já na Lagoa da Itaperoba, a atividade foi realizada em parceria com o Coletivo Amor Base. Franciane, presidente da associação local, compartilhou as memórias da comunidade e falou sobre os desafios e as lutas por conservação da lagoa.

No dia 30 de maio, foi a vez dos estudantes da Escola Telina Barbosa participarem da aula de campo na Floresta do Curió e na Lagoa da Messejana, fortalecendo a conexão entre território, identidade e meio ambiente.

Na Floresta do Curió, os participantes foram guiados por Stéfany e Samuel, estudantes do curso de Ciências Ambientais e integrantes do Laboratório Bioveg – vinculado ao Labomar/UFC. A atividade proporcionou um mergulho no ecossistema da floresta, destacando sua biodiversidade e importância para o equilíbrio climático e hídrico da região.

Em seguida, o grupo seguiu para a Lagoa da Messejana, onde a vivência foi conduzida por Maresia, integrante do Coletivo Meraki do Gueto e da Rede Reaver. Durante a visita, foram abordadas questões ligadas à ancestralidade do território e à ocupação atual da juventude no espaço urbano, apontando os desafios de resistir e existir coletivamente em meio aos processos de apagamento cultural e degradação ambiental.

Além de Maresia, também participaram da atividade os jovens Joel (OAS) e Marina, todos da Rede Reaver, reforçando a importância da atuação comunitária e da juventude na defesa dos bens comuns e na construção de um futuro mais justo e sustentável.