Com o tema “Mãe Terra: re(encontrando) raízes e plantando sementes”, jovens fortalecem a luta socioambiental, constroem conexões com o território e reafirmam o protagonismo juvenil diante da crise climática

Com palavras de reconexão, trocas de conhecimento e o compartilhamento de sabedorias ancestrais e culturais, o Quilombo do Cumbe, em Aracati (CE), foi o território escolhido para sediar o Encontro da Rede Reaver Ceará, realizado nos dias 23, 24 e 25 de maio. O momento marcou a celebração de um ano de caminhada da Rede no estado e promoveu oficinas, formações sobre justiça climática e a realização da COP 30 no Brasil.
Sob o tema “Mãe Terra: re(encontrando) raízes e plantando sementes”, o encontro traçou caminhos de conexão em solo sagrado, território de luta, resistência e de rica biodiversidade. Trazendo o mangue como ponto central de cuidado, o encontro refletiu sobre o papel da juventude na agenda climática, fortalecendo o protagonismo juvenil e a mobilização como respostas à crise do clima que estamos vivenciando. A pauta ambiental foi tratada como uma luta coletiva, que atravessa corpos, histórias e territórios – do povo quilombola ao povo pesqueiro, da comunidade LGBTQIAPN+ às juventudes periféricas de Fortaleza.
Na sexta-feira (23), o encontro começou na Associação Quilombola do Cumbe, onde a rede foi recebida, ainda durante o período da noite, com muito carinho pelos integrantes do movimento. João do Cumbe, liderança da Associação Quilombola local, destacou a vivência com um chamado à coletividade: “Ter os jovens da Reaver de volta ao Cumbe é de suma importância. Aproxima nossos saberes e práticas, valoriza a educação ambiental e desperta uma consciência coletiva sobre o que é urgente preservar.”
O incío da manhã do sábado (24), foi marcado por um momento formativo com a articuladora da Rede Reaver, Carla Nayra, destacando sobre a estrutura da Rede, ações dos Grupos de Trabalho (GTs) e estratégias para o fortalecimento da pauta socioambiental nas periferias urbanas e nos territórios tradicionais. “Acreditamos na força das juventudes periféricas e dos territórios tradicionais como protagonistas da transformação socioambiental. Fortalecer a estrutura da Rede Reaver e a atuação dos nossos GTs é um passo essencial para construir ações coletivas e potentes, enraizadas nas realidades e nas urgências de quem vive esses territórios.”, destacou Carla Nayra, articuladora da Rede Reaver.









Ainda durante o período da manhã, com o propósito de estimular o compartilhamento de saberes e práticas, a programação — pensada pelo GT de Organização do Cumbe — promoveu duas oficinas simultâneas: “Plaquinhas educativas” e “Hapa Zome”, uma técnica de tingimento com folhas e flores. Ana Mara, jovem da Rede Reaver e moradora do Quilombo do Cumbe, destacou o valor da ação: “Achei muito importante fazer as plaquinhas. É uma forma das pessoas, inclusive da comunidade, entenderem que o território precisa ser cuidado.”
Já Marina, jovem da Rede, contou sobre a oficina de Hapa Zome: “Pra mim foi bem importante e muito rico, sabe? Aprendi a mexer com o tecido e foi muito legal a de ir dinâmica colher as flores. Tudo foi muito especial. É algo que levo comigo.”, disse.
Já na tarde do sábado, a programação contou com um momento de formação sobre os marcos das Conferências do Clima (COPs), e de forma coletiva, foi iniciado a construção de uma carta política sobre as temáticas climáticas de cada território e os impactos da crise do clima no Ceará. Posteriormente, os jovens visitaram as dunas do Cumbe e vivenciaram um momento simbólico de roda e fogueira ao pôr do sol. Inaiê, da Rede Reaver, pontuou: “Foi um encontro muito rico, de trocas e escuta. Conhecer a cultura do povo do Cumbe, suas práticas e resistências, nos dá força para seguir articulando nossas ações nas periferias. Produzir cultura é ser jovem.”



Para finalizar o dia, a programação contou com uma dinâmica de caça ao tesouro e, com emoção, os parabéns de 1 ano da Rede Reaver Ceará. No domingo, o encerramento foi marcado pelo encontro com o rio, onde os jovens conheceram sua dinâmica e tomaram banho em suas águas, em um gesto de imersão e reconexão com a natureza e a ancestralidade do território. Para Denise Mota, técnica do projeto Saúde Ambiental de TdH Brasil, o encontro alcançou os seus objetivos, pois com a vivência“fortaleceu os laços entre juventudes e territórios, fazendo uma conexão entre as lutas e os desafios socioambientais de cada território. Além disso, iniciou o debate sobre a COP30.”, destacou.