Grupo de adolescentes e jovens do Mucuripe da Paz realiza pesquisa sobre o impacto da pandemia

Adolescentes do Projeto Mucuripe da Paz apresentam dados no lançamento da pesquisa. Foto: Joyce Silvério

O Grupo de Adolescentes e Jovens do projeto Mucuripe da Paz lança a pesquisa colaborativa Infância, Adolescência, Juventude e Pandemia no Grande Mucuripe. A publicação é o resultado de uma pesquisa quantitativa e qualitativa realizada de julho a setembro de 2021 no território do Grande Mucuripe com o objetivo de investigar os impactos da pandemia na vida de crianças, adolescentes e jovens. O projeto é coordenado pelo Instituto Terre des Hommes Brasil (TDH Brasil).

A pandemia a nível mundial proporcionou a realização de pesquisas no Brasil e no exterior para medir os impactos sociais, culturais e econômicos dos últimos dois anos. No entanto, Yago Saldanha, de 19 anos, observa que os jovens são esquecidos nestas investigações. O morador do Vicente Pinzón defende a importância da pesquisa realizada pelos próprios jovens: “(A pesquisa) dá a visão da gente sobre as coisas que tem acontecido e faz com que se sinta mais dentro dos debates sociais”. 

Evelyne Lima, assessora comunitária do TDH, afirma que o grupo participou de todo o processo, desde a escolha das perguntas e da metodologia até o lançamento da publicação. Cerca de 100 pessoas, entre crianças, adolescentes e jovens participaram da pesquisa, fornecendo dados e relatos:

A gente consegue ter dados concretos e ver um pouquinho como pensam as crianças da comunidade. Quando amplia isso, em meio a um contexto de negacionismo, temos ciência sendo feita por adolescentes e jovens.

A assessora questiona que ainda prevalece o adultocentrismo na produção de dados sobre a infância e a adolescência e aponta a necessidade de mudança neste paradigma.

A pesquisa reúne dados básicos sobre idade e bairro, além de informações sobre questões centrais ao contexto da pandemia como escolaridade, acesso à internet e saúde mental. Por exemplo, 36 das 100 pessoas participantes da pesquisa tiveram a saúde mental atingida de alguma forma na pandemia. Um dos relatos expõe a evasão escolar: “As coisas dificultaram e acabei deixando a escola, mas quando voltar as presenciais irei voltar. Quero muito”.

Yago realizou a pesquisa com parentes e amigos. O que mais chamou a atenção dele, na aplicação do questionário, foram os relatos sobre a escola: “A maioria dos jovens, em relação à escolaridade, antes já não estava bem e, depois, só piorou, e também a saúde mental por estar confinado dentro de casa”.

Pesquisa colaborativa “Infância, Adolescência, Juventude e Pandemia no Grande Mucuripe”

Pesquisadores: Anna Costa, Breno Caetano, Danielly Miranda, Mário França, Pedro da Silva, Raquel Sabino e Yago Saldanha.

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